LIVRO: EMÍLIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA
AUTOR: Monteiro Lobato
EDITORA: Brasiliense
LOCAL: SP
1ª PUBLICAÇÃO: 1934
EDIÇÃO-BASE: 1960
NÚMERO DE PÁGINAS: 156
ILUSTRAÇÕES: André Le Blanc
9º livro da Série de Literatura Infantil do Autor, 6º volume (geminado com Aritmética da Emília), das Obras Completas de Monteiro Lobato.
Vendo que Pedrinho se queixa das lições de gramática que Dona Benta passa lhe ensinar, em plenas férias, Emília propõe ao menino uma viagem ao País-da- Gramática. Tendo como meio de transporte o rinoceronte Quindim, partem os quatro - Pedrinho, Emília, Narizinho e o Visconde de Sabugosa. Como em todas aventuras com a turma, sempre a postura crítica e reformista da Emília prevalece.
Lobato não perde a oportunidade para acidamente criticar a elite acadêmica e dominante de seu tempo, detentora das normas do Português no Brasil. Os gramáticos, com suas regras e convenções, são vistos como pessoas velhíssimas e decadentes. Há um ranço de lusitanismo ainda predominante no ensino da gramática no Brasil, eis o que Lobato parece nos querer dizer.
Em Portugália se deparam com os Arcaísmos, "velhas corocas" , "bananeiras que já deram cacho". As palavras latinas e gregas agora são um "montão de velharias " e um "montão de cacos veneráveis". As palavras estrangeiras, como os Galicismos e Anglicismos são tratadas como "leprosas" pelos críticos. A separação entre as palavras portuguesas e brasileiras é ironicamente tratada como uma questão de "cidade velha" e "cidade nova", "que é que mais nos interessa", no dizer de Narizinho.
A turma passa a explorar as Classes Gramaticais. Sobram críticas para o "sexismo" na gramática. "Nós, gramáticos, usamos um nome muito feio para tais designar tais Substantivos - Epicenos" - afirma Quindim. "Os Adjetivos, coitados, não têm pernas; só podem movimentar-se atrelados aos Substantivos." Os Pronomes "também não possuem pernas e só se movimentam amarradas aos Verbos." Contudo, "Sem nós, os homens não conseguiriam entender-se na terra", afirma o Pronome EU. Os Verbos "são a classe militar da cidade", diz Quindim. "São os camaleões da língua", contrapõe Emília.
Passam para o Bairro das Palavras Inflexivas, onde vivem os Advérbios, as Preposições, as Conjunções e as Interjeições. Visitam a Senhora Etimologia, "uma velha coroca, de nariz recurvado e uma papeira - a papeira da sabedoria." Encontram-na cercada de "filólogos, gramáticos e dicionaristas.". Emília e Pedrinho se põem a "reformar' a gramática, cortando Desinências dos Sufixos e formando palavras novas.
Na cidade nova, digressão sobre as palavras de origem índígena e estrangeiras. Depis passam para as terras da Sintaxe. Esta é apresentada como "Uma senhora exigentíssima", "que governa e dirige a concordância das palavras.". Esta os conduz por seus domínios, apresentando as Figuras de Sintaxe, e depois os Vícios de Linguagem. Passam para o jardim, onde as Orações "costumavam passear ao sol." A Etimologia faz os meninos passarem por um exame de Sintaxe. Os meninos buscam saber onde fica a Pontuação. Dão por falta do Visconde e saem a procurá-lo.
Chegam ao bairro da Ortografia, ainda sem encontrar o Visconde. Emília separa-se do grupo e chega ao bairro onde está a Ortografia Etimológica. Esta é "uma velha de nariz de papagaio e ar rabugentíssimo", "em companhia de dum bando de velhotes mais rabugentos ainda, chamados os Carranças." Emília faz sua Reforma Ortográfica, incitando as palavras a trocar sua forma arcaica por uma mais enxuta e simples, alterando também a acentuação.
Retornam para o Sítio. O Governo e as Academias acatam a Reforma Ortográfica da boneca, criando novos acentos e acentuando todas as palavras, o que a deixa furiosa. A história conclui com a reaparição do Visconde, que havia escondido o ditongo ÃO na boca. O sabugo explicou que a sonoridade do ditongo lhe incomodava e lhe causava sustos.